20 de dezembro de 2006

O pinheiro e o camundongo


(...)

“Ah, sei que você sentia ter nascido para essa vida, tanto que não desejava que ela mudasse. Mas...”, e nesse ponto ela afagou a árvore, “todas as coisas, árvore querida, mesmo as coisas boas, têm seu fim.”

“Esta época precisa terminar?”, indagou o pinheiro.

“Sim”, respondeu o camundongo, erguendo a mão e acariciando-a novamente. “Essa época já terminou. Mas agora começa um tempo diferente. Uma nova vida, um tipo de vida diferente sempre se segue à antiga. Você vai ver.”

(...)


trecho de "O Jardineiro que tinha fé" de Clarissa Pinkola Estés, PH. D.

16 de dezembro de 2006

A Jornada


Vago pela vida
a procura do homem que virá me resgatar.
Não, não é um príncipe encantado,
porque sei que ele não existe.
É um homem. Apenas um homem.
Mas um homem forte, decidido.
Um homem de energia
que me empurre pra frente,
que se curve diante de mim
e me sirva de degrau, de apoio, de sustento.

Vago pela vida
consumida por este egoísmo.
Não, não é um egoísmo qualquer,
porque não consigo pensar apenas em mim.
É um desejo. Apenas o desejo
de que façam por mim
o que faço sem pensar por alguns.
Um desejo de ser resgatada
como tento sempre resgatar
aqueles que me são caros.

Vago pela vida
carregando esta preguiça.
Não, não é uma preguiça física,
porque ainda quero caminhar pelos bosques
mesmo que sozinha.
É a preguiça de ser o que eu posso ser
sem ajuda de ninguém.
A preguiça de esgotar minhas forças,
de seguir sem apoio,
sem empurrões, sem consolo.

Vago pela vida
em círculos.
Repetindo muitos erros, alguns acertos
e às vezes esquecendo
o que já tinha sido aprendido.

Então, vez ou outra
Encosto-me no muro.
Olho por cima, quase me jogo.
Respiro fundo.
E sigo vagando.